a noite caiu há já umas horas. o inverno tem este dom, o de fazer anoitecer mais cedo. olho lá para fora, ainda trabalho. quer dizer agora escrevo. algumas madeixas caiem a tapar a minha cara e todos me dizem que tenho um sorriso traquinas hoje. talvez tenha mesmo acordado num universo diferente. fui ouvindo música, fui sentindo coisas diferentes à medida que o dia foi passando. senti o sol na cara, senti-o, senti que era importante o meu abraço para a menina gi, sentir, sentir. viver e deixar fluir.
depois também estimulei a racionalidade, trabalhei, escrevi, percebi que às vezes tenho de pousar os pés na areia, como se o mar fosse a emoção e a areia me trouxesse algum equílibrio e vim até à areia para sussurrar à minha alma que se acalme, que se descubra cada vez mais e, no entretanto, vou respirando o que me envolve, expulsando aquilo que não interessa, soprando-o para bem longe, sempre com a consciência de que, acima de tudo, me respeito e neste momento é isso que importa. respeitar aquilo que vou desejando, procurando.
mesmo assim há espaço para o outro, a forma como o deixo entrar é que é diferente. saudades de sensações nocturnas. é bom gostar. é bom sentir os seus lábios. é bom deitar-me numa cama enorme sozinha. é bom passear só com os meus pensamentos. pode parecer contraditório, mas não é. são só tempos diferentes e sentir que tenho tempo para os respirar e definir-me aos poucos. hoje, ninguém me consegue chatear e cada vez será mais difícil.
1 comentário:
difícil... arranjar palavra(s) para descrever as tuas. LINDAS será talvez a mais adequada.
obrigado.
pedi a um passarinho que te levasse um beijo enquanto o meu retrato envelhece naquele sotão...
Dorian Gray
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