Um processo de separação é quase sempre um processo violento, que nos prende e nos empurra de e para determinados estados emotivos. Uma separação nunca é fácil, mesmo quando parece fácil. São amarras que nunca deixam de estar, mesmo quando fingimos que não estão. Um processo de separação quando nutrimos ainda sentimentos fortes pela outra pessoa é ainda mais díficil. Se me dissesses: já não te amo, era tudo mais fácil, menos bonito, mas mais fácil, porque haveria um motivo para te odiar, para te esquecer. Assim, sinto só que falhámos, que fomos felizes e que nos perdemos em determinado momento. Passada a fase em que todos os que te rodeiam se preocupam contigo, vinda a fase em que gozas os teus momentos de libertação, parece que há dias em que te tiram o tapete do chão, em que te continuas a lembrar de todos os pormenores, em que as coisas mais estúpidas te fazem rir sozinha, e de repente a angústia desse momento chega e invade-te o estômago, faz-te chorar de dor e faz com que sintas vontade de vomitar, tal é o turbilhão de emoções que estás a sentir mesmo no teu centro. Todos aqueles clichés de que alguém te falou, das músicas, da escova de dentes, da tua camisola preferida, que ainda está cá em casa, todos esses acontecem em algum dia, em que por alguma razão estás mais frágil, e parece que és uma criança a quem disseram que não podia comer mais doces. A analogia até pode parecer estúpida, mas quando somos crianças até podemos achar que nos estão a fazer sofrer tanto... só porque não podemos brincar mais e temos de ir dormir, que se assemelha, apesar de serem universos diferentes.
Às vezes pergunto-me se é este o caminho, uns dias ando feliz, outros não, mas quase todos me lembro de ti. A questão é que não quero mais aquilo que tinhamos, não quero isso para mim, não quero mesmo. E tenho medo. Às vezes acho que nunca vou saber lidar com este conflito. Talvez a afonia venha de tudo isto que tenho para te dizer. Sinais do universo. Yes, i'm sad.
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