Sair cedo do trabalho e ainda apanhar a sessão do fim de tarde no cinema é um luxo. Gosto cada vez mais dele.
Os ciclos do Nimas, com as reposições, são uma invenção fantástica dos senhores programadores. Revi o "My blueberry nights" enquanto comia rebuçados de cereja. E o perfume da rapariga que estava ao meu lado era bom (ficou-me na cabeça porque é difícil gostar de um perfume de mulher que não o meu. Uso o mesmo há anos e anos...).
Saí da sala com a sensação de ter gostado ainda mais do filme, do que da primeira vez que o vi. Gosto de rever filmes e ver coisas que não tinha visto da primeira vez, pelo menos não daquela forma.
Saí e chovia. Bem, não chovia mesmo, era aquela chuva miudinha. As pessoas chamam-lhe chuva "molha parvos" e dizem que é irritante. Eu cá gosto dela assim, miudinha, a bater-nos na cara quando andamos pelas ruas e a deixar-nos os cabelos despenteados. Gosto dela assim, porque não?
Também gosto sempre do primeiro dia em que chove, depois dos meses mais intensos de verão. Se é Setembro, então, ainda gosto mais. Faz-me logo lembrar o cheiro dos lápis afiados, dos livros novos, que já tinha folheado nas férias de verão, e o regresso à escola. Estes dias deixam-me sempre sorridente.
2 comentários:
gosto de te ler, ruiva. (ainda serás ruiva?).
e também gosto de redescobrir esse filme, esse livro, esse disco, que nunca tinha saboreado dessa forma, agora mais pura, mais livre, mais profunda.
as primeiras impressões podem ser castradoras do futuro, amputando as expectativas, essas perigosas pontes entre 2 margens, mas nunca sabendo qual delas a melhor.
a tua prosa está a ser uma viagem. todavia, começo a sentir uma certa angústia, uma presente ausência de quem tem no coração o tic-tac da nostalgia, saudade ou algo assim de cor azul.
ruiva? não, apesar de combinar com os rebuçados de cereja.
e a saudade não é bonita? faz-nos também ela descobrir as coisas de outra forma.
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